E que belo poema eras tu, nem sabes, nem sabes! Ter-me-ia derramado por ruelas se me tivesses pedido. Ter-me-ia abandonado a mim própria se o tivesses desejado. Andei perdida, por ti, por nós, por ti, pelo teu verso, por ti, pela forma como dançávamos, por ti, por ti. Foste o meu poema e lembro-me da primeira vez que te li, que me leste. Estava frio. Chegaste cansado. Lembro-me da música que ouvíamos. Lembro-me? Sim, talvez, vagamente, nem sei. E reparo agora, já distante - tão distante - em todos os sentidos, que estivemos perto, tão perto. Tão perto. Mas nunca suficientemente perto. Reparo agora, já distante de nós, que tu eras só um sorriso maroto, um gingar bonito e uma bela combinação de versos. No fundo, eras só tretas.