10.12.13

Ana tu escreves para quem? Estás a desaparecer da minha cabeça como fumo de cigarro sobre mim e não há retorno não há retorno Ana tu escreves para quem? eu vejo-te cada vez menos e nem é por vivermos a mil e tal quilómetros de distância que eu acho que as pessoas se conseguem ver a mil e tal quilómetros de distância Ana tu escreves para quem? e eu não gosto dessa ideia, dás-me jeito nas escritas os teus olhos semicerrados inspiram-me Ana tu escreves para quem? eu não quero que desapareças mas sei que o que vivemos não foi verdadeiro ah! bela mentira a que vivemos; mentira mas não erro, erro jamais! Ana tu escreves para quem? tu foste mesmo um erro afinal!, mas somos todos um erro que deseja a mesma merda que vai aos mesmos sítios que vê os mesmos filmes que sente a mesma coisa Ana tu escreves para quem? eu acho que acabamos todos por ser egoístas e tu nunca percebeste que gostava mesmo de ti fodasse, gostava mesmo não, gostava tanto!, eu gostava tanto de ti Ana tu escreves para quem? eu acho que não sei para quem escrevo mas aposto que há palavras que são para o meu irmão, esse sim o amor exclusivo doce fiel eterno da puta da minha vida, há vezes em que escrevo para a ideia que tenho de leitor, há vezes em que escrevo para um desconhecido que vejo na rua e me chama a atenção há vezes em que escrevo para mim própria mas ninguém percebe porque até eu própria custo a perceber e só descubro que escrevi para mim dois dias depois de ter vomitado um texto e estou a pensar nele num autocarro qualquer a caminho da faculdade e há vezes em que enfim, escrevo para ti.
Primeiro parágrafo deste texto: há vezes em que escrevo para ti mas são sempre textos cuspidos às tantas da noite quando não consigo dormir são sempre textos que era incapaz de escrever durante o dia são sempre textos tristes. 
Segundo parágrafo deste texto: são sempre textos tristes dilacerantes de final azedo e é por isso que não quero que desapareças que eu sou feliz demais para escrever textos assim mas enfim, tu estás a desaparecer. 
Terceiro parágrafo deste texto: tu estás a desaparecer já não me fazes tremer já não te quero nem te gosto nem te penso com muita pena para os meus escritos mas felicidade para a minha sanidade mental. Aqui está desvendado o mistério para as oitenta mil pessoas que me perguntam para quem escrevo: escrevo para o meu irmão, para mim e para desconhecidos. Escrevo, portanto, para quem me faz sentir qualquer coisa. E para ti já não escrevo mais.