24.10.13

Até aqui sempre soube o que queria, sempre foi tudo delineado, simples, sempre senti que tinha esta espécie de dom - não o de escrever maravilhosamente, sei que não o faço, mas o de escrever muito e saber que ia fazer isto para o resto da minha vida. Isto sempre me foi suficiente. E agora penso na história de estar licenciada daqui a uns meses; penso se ficarei eu, Lisboa e um mestrado a viver felizes numa casa com paredes coloridas e um verso de Manel Cruz num lugar do quarto. Ou então não, e talvez pegue nas minhas coisas, vá embora para um país qualquer e viva como aquelas personagens dos filmes que vão para um lugar estranho tentar ser alguma coisa. 
Escrevo, gosto de fotografar pessoas, muito, e se tiver dinheiro e tempo para sustentar isto fico bem. Talvez um dia oiças falar de mim, ou vejas o meu nome na capa de um livro ou assim. Por agora só te posso garantir que quero escrever, porque é esta a única forma que arranjo para ser a Ana, a Paixão, um velho abandonado num banco do jardim, um miúdo com as mãos sujas de terra, uma puta, um viúvo bêbedo a chorar sozinho numa avenida. Ou então, enfim, talvez morra desconhecida, sem nada publicado. Talvez não passe de mais uma louca que escreve para si própria e inventa histórias com personagens que mais ninguém conhece. Talvez apague este blogue e queime os meus moleskines num ataque de raiva que possa vir a ter... mas vou escrever incansavelmente, desesperadamente, sem fim. É isto o que quero fazer da minha vida.