Declaro-te agora como se na minha mão suportasse um bisturi afiado e me rasgasse do pescoço ao ventre para me abrir a ti, que aconteça o que acontecer suportarei sempre qualquer dor por mais forte e amarga que seja se ela tiver valido a pena e mesmo no outro dia li algures de alguém entre o sofrimento e o nada prefiro o sofrimento e é exactamente assim que tenciono viver por isso deixemo-nos de merdas, que eu hei-de afundar-me em tudo o que puder hei-de enterrar-me até ao pescoço se isso me fizer feliz durante cinco minutos, hei-de estar prestes a atirar-me do penhasco e pensar Ana tu vais sofrer Ana tem juízo Ana não devias oh Ana!, e enfim que me atiro; hei-de mergulhar as minhas mãos nas mãos de alguém se me apetecer mesmo que os nossos caminhos estejam condenados à partida, hei-de preferir sempre, em qualquer circunstância, sentir qualquer coisa tão completamente tão desesperadamente que possa deitar-me tranquila e certa de que daqui a uns anos possa dizer que era uma louca inconsciente mas feliz tão feliz - tão feliz! - portanto meu caro duvida da minha capacidade na cozinha duvida do meu gosto por música duvida do meu jeito para a escrita mas nunca, na puta da tua vida, duvides que eu hei-de suportar sempre qualquer dor por mais forte e amarga que seja se ela tiver valido a pena.