04.11.13

Tens a dádiva de roubar o que quiseres destas minhas mãos mas as coisas que tenho vivido essas não roubas com certeza, podes estar convicto disto que te digo pois jamais conseguirás sentir a vida como eu agora sinto e ah!, não te falo das frases feitas que toda a gente lê e eu também, escarrapachadas em todo o lado cujo efeito secundário é acenar com a cabeça, sim senhor que é assim que se vive, oh é mesmo isto que bonito, ai não te falo disso não, falo-te do que vivo agora, daquilo que não me podes roubar. E nem tu imaginas as coisas que tenho sentido e que bom que é descobrir-me, nem cozinho assim tão mal como julgava acreditas? No meu regresso tenho planos e claro que tenho planos porque eu tenho planos desde que me lembro de ser gente: acabar a minha licenciatura; continuar com as sessões fotográficas e comprar uma boa máquina; ganhar uma lufada de coragem e ir fazer voluntariado para um país qualquer e bem sei que possivelmente vou chorar todas as noites durante a primeira semana mas olha que vou na mesma; arranjar um trabalho para pagar o mestrado nem que volte para a Zara do Colombo outra vez; escolher um país do chapéu que me alimente uma carreira e ir escrever por aí; ser jornalista; aperfeiçoar-me na fotografia e na escrita; ter dois putos que andem ranhosos e brinquem na terra e um amor daqueles dos filmes que diga coisas bonitas. E enfim, hei-de conseguir percorrer a terra transpirada que há por descobrir, hei-de ser insana de mochila às costas e não, não, não me digas que sonho alto e que sou pouco realista e que são coisas da idade isto de achar que consigo voar porque efectivamente eu consigo voar, e tu também. A diferença é que tu és demasiado comodista e preguiçoso para, portanto não me venhas com essas balelas de que sonhar é feio porque não é, eu hei-de sonhar enquanto for gente e hei-de lutar para conseguir o que quero enquanto tiver força nos ossos.