De hoje a uma
semana regresso definitivamente a Portugal. Não imaginas a tristeza amarga que sofro
por saber que vou abandonar uma das cidades mais lindas do mundo. Fui tão feliz
aqui. Nunca vais entender fodasse! Vi tantas coisas. Viajei tanto. Viajar é a
melhor coisa que posso fazer na minha vida insignificante. Viajar e escrever.
Vou despedir-me durante os próximos dias. Beber tudo de olhos fechados. Dançar
muito. Cheirar e tocar em Florença com as minhas mãos sujas. Tirar fotografias
para que te possa desvendar o bocado tão pequeno onde é possível tu imaginares
o que é viver aqui, em
Itália. O país dos mafiosos. Usufruir desta semana muito bem
com as minhas bambinas. Até ao osso. Já não há bilhetes de regresso. E depois
talvez acabe com este blogue e volte a ser a Ana que escreve só para si.
Guardar religiosamente este episódio da minha existência com muito saudosismo.
Recordar as palavras e os lugares dentro de uma caixa selada com fita vermelha
debaixo da cama. E acabar o meu curso. Fugir para outro sítio de malas feitas.
Encontrar alguém que me sufoque e queira ir comigo para algum lugar longe de
nós. Ou então vou sozinha. Com a Ana Paixão da terrinha que sonha muito. Que
escreve. Que faz sessões fotográficas. Que tem um blogue palerma. Que gosta de
música clássica mas vai a festas de Techno. E que avança hoje com o início de uma despedida dolorosa porém inevitável da sua segunda casa. Da sua para sempre
segunda casa.