15-11-2014

Aguardando ansiosamente e com algum pânico a subir-me entranhas acima o dia em que vou finalmente fechar a última mala e me vou deslocar lavada em lágrimas até ao aeroporto com um frio nervoso gravado em ferro quente nas mãos, até à próxima e vai correr tudo bem, e avisto uma última vez a famelga e o homem que acredito ser aquele bocado rasgado que é metade de mim e que eu tive a grande sorte de encontrar para a minha vida. Nos entretantos vou fazendo figas para que a vida nos deixe ser felizes noutro continente quando ele finalmente puder ir ao meu encontro, fico calada sem contar nada a ninguém que eu não gosto dessa história dos outros saberem tudo dos nossos planos, e vou fazendo um porquinho a focar pessoas no cartão de memória e convicta que dois mil e quinze vai ter mais uma licenciada abandonada pela pátria, emigrante longe do seu colo mas determinada em voar para longe daqui. Porque há pessoas que foram feitas para voar e eu quero acreditar que sou uma delas.